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fotos: daryan dornelles |
filha de janaína com wolverine
publicado em 2 de mai. de 2012 comente »
café e sinceridade quentes
publicado em 13 de abr. de 2012 1 comentário »
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fotos: daryan dornelles |
marcadores +2, adriana calcanhotto, chico science e nação zumbi, domenico, entrevista, kassin, manguebeat, moreno veloso, mulheres q dizem sim, orquestra imperial, pedro sá, romulo fróes
pelas esquinas de sua casa
publicado em 30 de mar. de 2012 3 comentários »
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fotos: daryan dornelles |
A história já é conhecida: nascido e criado na Cohab Juscelino, em Guaianases, Zona Leste de São Paulo, Marcelo Jeneci, aos 17 anos, conseguiu o seu primeiro trabalho como músico profissional, acompanhando Chico César em uma turnê internacional. Empunhava uma sanfona emprestada por Dominguinhos, um dos ilustres clientes de seu pai, Manoel, que entre outros ofícios, se dedicava ao conserto de instrumentos musicais. Em seguida, Jeneci passou a acompanhar diversos artistas da música popular brasileira, entre eles: Arnaldo Antunes, Elza Soares e Vanessa da Mata, com quem compôs a sua primeira canção,“Amado”. A música integrou a trilha da novela global “A Favorita”, fazendo enorme sucesso em todo o país e ganhando o Prêmio Multishow de 2009. Neste mesmo ano, seria a vez do cantor sertanejo Leonardo gravar uma de suas composições, “Longe”, para a novela “Paraíso”. No mesmo período, Jeneci viu o projeto de seu primeiro disco ser aprovado pelo Natura Musical. Lançado em 2010, “Feito Pra Acabar” foi produzido por Kassin, tendo as participações de Curumin e Edgard Scandurra. O disco, considerado um dos melhores do ano pela revista Rolling Stone e pela grande maioria da imprensa especializada, revelou a cantora Laura Lavieri, com quem Jeneci divide os vocais. Além das parceiras com José Miguel Wisnik, Luiz Tatit, Arnaldo Antunes e Chico César, o álbum trazia os arranjos para orquestra do cultuado compositor e violonista Arthur Verocai. Tornando-se um dos mais famosos e importantes nomes de sua geração, em 2011, Jeneci se apresentou no festival Rock in Rio, ao lado de Curumin, e recebeu o prêmio Multishow de melhor música eleita pelo júri por “Felicidade”.
Vindo para o Rio para se apresentar no Circo Voador ao lado de Tulipa Ruiz em janeiro deste ano, Marcelo Jeneci foi convidado a participar do Banda Desenhada. Exausto após cumprir uma agenda cheia durante boa parte do dia, o músico foi bastante generoso em sua entrevista, não se abstendo dos assuntos mais delicados, como o seu envolvimento com a indústria fonográfica, a influência da música brega e a pecha de “MPB hype” que a sua geração vem recebendo.
marcadores arnaldo antunes, cidadão instigado, entrevista, erasmo carlos, fernando catatau, guilherme arantes, laura lavieri, marcelo jeneci, roberto carlos, tulipa ruiz
AEROMOÇAS E TERNURA NO CARTAZ
publicado em 19 de mar. de 2012 comente »
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foto: vitor jorge |
Caracterizadas acima de tudo por sua imaterialidade, as novas tecnologias também foram responsáveis por solapar a indústria fonográfica, levando ao ostracismo os seus suportes mais usuais: o CD e o DVD. Entretanto, nos últimos anos, também assistimos ao surgimento de um novo e improvável fenômeno: a redescoberta das mídias analógicas. Envolvido por uma aura de saudosismo, contracultura e modismo vintage, o vinil converteu-se em fetiche para boa parte do público e dos artistas da chamada neoMPB. Basta uma busca rápida em algumas lojas virtuais especializadas para se encontrar os LPs de Tulipa Ruiz, Karina Buhr, Anelis Assumpção, Bexiga 70, Tono, entre outros. Muitos desses artistas também têm optado, ao produzir seus discos, por gravá-los ao vivo em estúdio, em busca de uma atmosfera mais quente e emulando o formato de gravação da primeira metade do século passado. O olhar saudosista também é sentido na fotografia, na ilustração e no design contemporâneos, onde intensificam-se a releitura ou mesmo o retorno dos processos fotoquímicos e das técnicas de produção analógicas, como a pintura, a xilogravura e a colagem. Essa tendência é encontrada, por exemplo, nos álbuns Etiópia, do projeto Sambanzo; A coruja e o coração, de Tiê; Edifício Bambi, da banda Hidrocor; e Feito pra acabar, de Marcelo Jeneci.
Destacando-se pelos seus trabalhos de forte influência modernista, o designer paulistano Rodrigo Sommer é o entrevistado da semana no Banda Desenhada. Além dos diversos cartazes de shows produzidos para a Agência Alavanca e a festa Folk This Town (SP), Rodrigo é responsável, em parceria com o ilustrador Marcelo Cippis, pela arte do segundo álbum de Bruno Morais, A vontade superstar (2009, YB Music). Seus primeiros trabalhos foram realizados enquanto frequentava os cursos de arquitetura e de artes plásticas na USP, onde produziu pôsteres para festas e eventos, além de projetos gráficos para publicações acadêmicas. Com foco na área cultural, Rodrigo criou diversos cartazes para mostras de cinema e peças de teatro, além de elaborar a identidade visual de eventos como a MIT (Mostra Internacional de Teatro, realizada nos CCBBs SP e DF) e o festival Cena Contemporânea, de Brasília. O designer também participou das exposições A cultura do cartaz — meio século de cartazes brasileiros de propaganda cultural (2008), no Instituto Tomie Otake, e Um cartaz para São Paulo (2009), no Senac/Centro Universitário Maria Antônia.
Nesta entrevista, realizada através de longos bate papos em rede sociais e e-mails, Rodrigo comenta a respeito de sua carreira, influências e a nova cena musical de São Paulo.
marcadores bruno morais, hurtmold, lulina, rodrigo sommer, romulo fróes
o que te ilude é roliúde
publicado em 12 de mar. de 2012 6 comentários »
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fotos: daryan dornelles |
Se, já em seus primeiros anos, a crítica musical brasileira já despertava animosidades, no decorrer de quase dois séculos e já devidamente adaptada ao formato pop, manteve-se, grosso modo, distante de uma efetiva análise estética ou musical. Muito mais preocupada em promover e abalizar novas tendências, a crítica tornou-se fomentadora de um circo midiático fortemente atrelado aos anseios do mercado fonográfico e, principalmente, aos caprichos de editores e redatores. Mesmo com a derrocada da indústria de discos e o impressionante avanço de sites e blogs independentes, o que se viu na última década foi, salvo raríssimas exceções, a reprodução dos mesmos modelos encontrados nos jornais e revistas tradicionais.
Pode-se questionar se esta perspectiva não seria um tanto natural em se tratando de um produto que, embora criativo e sujeito a preocupações estéticas, é submetido às leis de mercado. Mesmo os músicos independentes se vêem por vezes atrelados às grandes corporações para viabilizar seus projetos e dar continuidade às suas carreiras. Indo mais além, a própria cena musical contemporânea brasileira tem suas origens em artistas que, em maior ou menor grau, foram assimilados pela indústria de entretenimento, caso dos tropicalistas e do movimento manguebeat. Contudo, esta estrutura acabou criando um paradigma que vem se acentuando nos últimos anos: O ineditismo se tornou uma necessidade não mais exclusiva dos anseios estéticos do artista, mas também das grandes corporações e dos veículos de comunicação, objetivando a criação de tendências e comportamentos de consumo massivo. Se, por um lado, a música popular é fruto de contingências históricas e sociais, prevalecendo um amadorismo nato que a despe dos cânones acadêmicos e a torna um produto sedutor aos olhos da indústria e da mídia, por outro, chega a ser constrangedor que boa parte das resenhas dedicadas a ela não se atente aos seus elementos básicos - melodia, harmonia, ritmo, timbre, etc - ou mesmo a questões tecnoestéticas relativas à sua produção. Assim, o crítico musical acaba por deixar à mostra seu crivo ambíguo e por vezes perverso, onde a inaptidão ou a falta de interesse fazem de sua escrita nada mais que uma curadoria de suas predileções.
Assunto polêmico e que volta e meia vem à tona, o papel da crítica musical foi um dos temas abordados nesta acalorada entrevista com o produtor e multinstrumentista Kassin. Membro fundador da Orquestra Imperial, Kassin integrou o projeto +2, ao lado de Moreno Veloso e Domenico, o eletrônico e experimental Artificial e a banda Acabou La Tequila, considerada por muitos como uma das precursoras da atual cena musical brasileira. Sendo o produtor mais influente desta geração, Kassin esteve presente nos álbuns “Eu não peço desculpas” (2002), de Caetano Veloso e Jorge Mautner; “Cantada” (2002), de Adriana Calcanhotto; “Ventura” (2003) e “4” (2005), do Los Hermanos; “Sim” (2007), de Vanessa da Mata; “Peixes Pássaros Pessoas” (2009), de Mariana Aydar; entre outros. Também foi responsável pela trilha sonora do anime Michiko e Hatchin (2008) e de diversos espetáculos e programas de TV. Em 2011, finalmente lançou seu primeiro álbum solo, o elogiado “Sonhando devagar”.
Figura essencial para a compreensão da cena musical brasileira contemporânea, Kassin foi convidado pelo Banda Desenhada para esta entrevista. Em meio às gravações de uma trilha sonora e do novo álbum de Wilson das Neves, acabamos por levar o produtor para um local no mínimo inusitado: o anexo da Paróquia de Santa Cruz de Copacabana, localizada na cobertura de um antigo shopping, onde funciona uma escola de alfabetização. Lá, Kassin falou, entre outros assuntos, de seus trabalhos e das últimas polêmicas envolvendo os seus colegas de geração.
marcadores acabou la tequila, berna ceppas, domenico, entrevista, gaby amarantos, kassin, marcelo jeneci, orquestra imperial, tecnobrega
cuide de você
publicado em 28 de fev. de 2012 2 comentários »
O título desta entrevista não poderia ser mais apropriado: retirado da mostra autobiográfica da artista plástica francesa Shopie Calle que passou pelo país há três anos, “Cuide de você” causou polêmica por ter como ponto de partida o e-mail de separação que o escritor Grégoire Bouillier a enviou. A artista não se fez de rogada e o utilizou como matéria-prima para um novo trabalho, reenviando-o para mais de uma centena de mulheres a mensagem de seu ex-namorado para que estas a interpretassem através de textos, vídeos e fotos. Com o extenso material em mãos, Sophie o expôs na Bienal de Veneza de 2007.
Não chegando a tamanha exposição de sua vida privada, o músico paulista Pélico também optou por incursionar pelo seu universo afetivo para confeccionar o elogiado álbum “Que fique entre nós”, lançado em 2011 pela YB Music. Inspirado nas agruras por que passou ao dar fim ao seu casamento, Pélico exorcizou seus fantasmas através da música. Sem temer cair no ridículo e abordando o tema de forma passional, o músico se aproximou da estética cafona dos anos 70 e do samba-canção. Três anos antes, mesmo que envolvido por uma roupagem psicodélica, Pélico já demonstrava certo fascínio por este universo estético ao lançar seu segundo disco, “O último dia de um homem sem juízo”. Seu primeiro álbum, “Melodrama”, lançado em 2003 e imediatamente renegado pelo próprio músico, já vislumbrava, por seu próprio título, o seu envolvimento com o universo de Hervivelto Martins, Ataulfo Alves e outros tantos compositores da era de ouro do rádio.
Vindo de férias para o Rio no início deste ano, Pélico aceitou participar do Banda Desenhada, falando de seu processo criativo, sua participação no tributo ao Los Hermanos, a influência do BRock e a NeoMPB:
marcadores bazar pamplona, cidadão instigado, entrevista, filipe catto, jesus sanchez, los hermanos, lulu santos, musicoteca, pélico, rafael castro
e o tal do mundo não se acabou...
publicado em 16 de fev. de 2012 3 comentários »
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1/2 dúzia de 3 ou 4 (da esquerda para a direita): marcos mesquita, daniel carezzato, thiago melo e luciana bugni | fotos: daryan dornelles
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Web 2.0. Com o enorme avanço tecnológico da última década, a cultura de massa e, principalmente, as grandes e tradicionais mídias se viram desestabilizadas e imersas em sua pior crise. O acesso à internet e à banda larga propiciou o desenvolvimento de uma sociedade virtual e continuamente conectada que tem como uma de suas principais características o compartilhando gratuito de arquivos e conteúdos, o que, para muitos, representa uma irrefreável democratização do conhecimento. Entretanto, este avanço também representou, inequivocadamente, uma retração em toda a indústria de entretenimento que até então conhecíamos: Filmes hollywoodianos tiveram suas bilheterias drasticamente reduzidas por conta de downloads e DVDs piratas; livrarias e lojas de discos especializadas fecharam suas portas graças à enorme facilidade de compartilhamento de textos e músicas; jornais, revistas e emissoras de rádio e TV constataram a redução expressiva em suas vendagens e audiências graças ao sucesso do Youtube e blogs com conteúdo gratuito. Este novo cenário fez com que um sem número de vozes se levantasse e rebelasse contra o inegável desrespeito à propriedade intelectual. Assim, a contragosto, nos últimos anos os EUA parece amargar o fim de uma era que foi marcada por uma próspera indústria de entretenimento e de veículos de comunicação até então considerados por muitos, de forma um tanto obtusa, os grandes guardiões da cultura e da verdade.
Porém, mesmo que esta crise também tenha solapado a produção cultural brasileira, ela foi responsável pela ascensão de uma nova cena musical, em sua esmagadora maioria independente, que em outros tempos jamais teria a oportunidade de difundir seu trabalho ou dialogar, mesmo que modestamente, com a grande mídia. Exemplos não faltam: Rabotinik, o quarteto carioca de música experimental, não só conseguiu financiar seu primeiro álbum através de crowdfunding como participou do último trabalho de Gal Costa, lançado pela major Universal Music. Outro exemplo é a Bande Desinée, banda pernambucana cujo repertório autoral é basicamente cantado em francês com algumas inserções de italiano e português e que já obteve mais de seis mil downloads de seu álbum de estreia, “Sinée qua non”. Paralelamente e servindo de apoio para a sua divulgação, também surgiu no país um grande número de blogs escritos por diletantes que vieram corroborar a até então limitada cena da música independente brasileira. Mas, se por um lado temos agora ao nosso alcance centenas de artistas nacionais produzindo trabalhos criativos e de qualidade, estes mesmos se vêem na necessidade de disponibilizar gratuitamente seus álbuns, aguardando de forma esperançosa que a visibilidade em algum momento se converta em retorno financeiro ou que algum de seus projetos seja aprovado em editais públicos ou em sites de crowndfounding. Polêmicas à parte, fato é que só com a democratização da internet e o crescimento das redes sociais se tornou possível, pelo menos no Brasil, a renovação do cenário musical com o surgimento de artistas das mais diversas partes do país com liberdade criativa e isentos de qualquer manipulação das grandes gravadoras.
Este também é o caso da banda paulistana 1/2 Dúzia de 3 ou 4: Com um som pouco convencional, crítico e bem humorado, influenciado pela vanguarda paulistana, o grupo acaba de finalizar o seu segundo projeto, “O fim está próspero - a trilha sonora (oficial) do fim do mundo”. Iniciado em 2010, consistiu, ao longo de dois anos, no lançamento bimestral de uma música e seu respectivo vídeo abordando temas apocalípticos inseridos no contexto da época. Formado atualmente por Thiago Melo (violão e voz), Daniel Carezzato (percussão e voz), Marcos Mesquita (baixo), Arnaldo Nardo (bateria), Luciana Bugni (letras), Mike Reuben (sax, flauta e voz) e Sérgio Wontroba (clarineta e voz), o grupo surgiu em 2002 e, em 2008, lançou seu primeiro álbum, “Tudo se torna”. No ano seguinte, apresentou-se no Festival MOLA (Mostra Livre de Artes), no Circo Voador (RJ) e, em 2010, no Festival MACACO (Movimento Artístico e Cultural do CAASO), em São Carlos (SP), além de realizar constantemente shows no circuito SESC paulista.
Chamado para se apresentar em uma festa do PodCast Caipirinha Appreciation Society, às vésperas do ano novo no Rio de Janeiro, o 1/2 Dúzia de 3 ou 4 também foi convidado pelo Banda Desenhada para uma divertida entrevista:
marcadores 1/2 dúzia de 3 ou 4, andré abujamra, caipirinha appreciation society, entrevista, ligiana, tom zé, vanguarda paulista