fotos: daryan dornelles |
Karina Buhr é a própria síntese das mudanças por que passa a música brasileira nestes últimos tempos. Com destacada e ativa participação de uma nova cena de artistas independentes, a produção nacional vem se distanciando do que por um longo tempo se convencionou chamar de MPB. Muito por conta do caráter híbrido desta geração que, se por um lado, não teme em dialogar com gêneros até então mal vistos por nossa elite cultural, por outro, se aparata com novas tecnologias e mídias que a faz assumir uma identidade pop e globalizada.
Nascida na Bahia e criada no Recife, Karina iniciou a sua carreira em Pernambuco, nos anos 90, durante a eclosão do manguebeat. Participou dos Maracatus Piaba de Ouro e Estrela Brilhante e chegou a integrar o Véio Mangaba e Suas Pastoras Endiabradas e a então punk rock Banda Eddie. Posteriormente, fundou a Comadre Fulozinha, grupo feminino de percussão e voz de forte acento regional. Ainda nesta cena, tocou com Bonsucesso Samba Clube e DJ Dolores. No final da década, Karina foi convidada pelo diretor e dramaturgo José Celso Martinez Corrêa para integrar a Cia.Teatro Oficina, levando-a a participar das montagens de As Bacantes (2001), A Terra (2002) e Os Sertões (2003). Este foi o pontapé inicial para que a cantora deixasse Recife e, ao se mudar para São Paulo, retomasse antigas ideias e desenvolvesse de forma consistente a sua carreira solo. Ainda assim, neste meio tempo, Karina lançou o terceiro álbum da Comadre Fulozinha, “Vou voltar andando” (2009). Após cinco anos no Teatro Oficina, finalmente passou a se dedicar de forma integral à música e, em 2010, lançou o festejado álbum “Eu menti pra você”, seguido de um sem número de shows e participações em festivais nacionais e internacionais. Em 2011, pouco antes de se apresentar no palco Sunset do Rock in Rio, ao lado de Marcelo Yuka, Cibelle e Amora Pêra, Karina lançou o primeiro clipe de seu segundo álbum,“Cara palavra”, filmado pelo fotógrafo Jorge Bispo no Marrocos. O disco, “Longe de onde”, gravado através do edital Natura Musical, foi então disponibilizado para download no mês seguinte.
Sem qualquer preocupação em vir a ser baluarte da música regional ou ícone da pós-modernidade, Karina se tornou uma das figuras mais importantes do atual cenário da música brasileira. Negando o cargo de porta-voz de uma cena em que foi arbitrariamente inserida - a neoMPB -, a cantora aceitou participar do Banda Desenhada e não hesitou em dar suas opiniões, mesmo que em meio a um insuportável rush de uma sexta-feira carioca: