maciunas vol.1 a.k.a. sic, sic, sic

fotos fotos fotos fotos

negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo
 negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo 
negro leo Negro Leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo Banda Desenhada leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo negro leo

timeline timeline timeline timeline timeline timeline timeline timeline timeline timeline timeline timeline timeline timeline timeline timeline timeline timeline timeline timeline timeline timeline timeline timeline timeline timeline timeline timeline timeline

Negro Leo – Eu queria frisar no início dessa resposta que a oposição superficialidade x rigor é antropologicamente fraca no contexto das sociedades capitalistas e me lembrou a discussão recente sobre a ratificação do vale cultura de 50 reais porque supostamente os trabalhadores brasileiros optariam por planos de TV a cabo, como se apenas museus, teatro, cinema, concertos lhes conferissem o privilégio da política pública. Um entendimento de cultura no ocidente hoje, segundo o qual um juízo estético não pode exigir coerência do mundo e vice-versa, é a sistemática pra produção e fruição dos bens de cultura do futuro e do passado agora. A trivialidade nas redes sociais é tanto responsabilidade do usuário quanto efeito possível da natureza do meio, e me parece que, ao menos o Facebook, através das ferramentas que dispõe, direciona as coisas pra descontração. Eu, particularmente, o utilizo como uma máquina comercial e afetiva, é extremamente útil pra certo nível de independência profissional nos dias de hoje.


escrever escrever escrever escrever escrever escrever escrever escrever escrever escrever escrever escrever  escrever escrever  escrever escrever  

Negro Leo – Acho que é muito em função, primeiro, de não haver interesse de publicação oficial de minha parte, acho que isso inclusive orientou (e o aparecimento do Facebook foi importante nesse movimento) minha escrita pra considerações pontuais sem maiores desdobramentos ou mesmo grandes exigências reflexivas – quando lembro que na faculdade produzia 20 laudas por semana, me entedio. A repercussão das coisas que você escreve nas redes sociais é efeito do alcance da sua rede, do métier para o qual você escreve e está sempre na proporção do espaço que você conquistou, então eu ainda não posso avaliar isso no meu caso. Segundo porque sou cancionista e vejo a canção como um meio de produção de vida positivamente político, diria até que menos artístico do que político pelo fato de que a produção de discurso aí tem um alcance virtualmente massivo e a reprodutibilidade técnica sedimentou uma práxis política nas questões de estética. 

fonogramas fonogramas  fonogramas fonogramas fonogramas fonogramas fonogramas fonogramas fonogramas fonogramas fonogramas fonogramas fonogramas fonogramas fonogramas fonogramas

Negro Leo – Eu digo práxis política porque num determinado momento, e a reprodução técnica é um bom marco, se colocou em questão o que é arte? O que é um artista? Quem é um artista? E os desdobramentos disso levaram, por exemplo, ao genial Minc Gil-Juca e à imersão de todas as categorias estéticas no campo amplo da cultura, isso como cosmovisão – ainda que o Mino Carta prove o contrário – política pública e o escambau. O que afeta a questão estética, até certo ponto e por um lado, é a viabilidade técnica em larga escala de produção: a pobreza, os pobres. Por outro lado a transformação do objeto de culto artístico em mercadoria lá atrás já foi um golpe definitivo. Há duas séries atuais operando no mercado capitalista de música popular, a populista hegemônica (série dos espaços de consagração, TV, rádio, periódicos, revistas, editais públicos de médio e alto orçamento, etc) e a popular emergente (casas de show sem alvará, editais de baixíssimo orçamento, blogs, autopirataria, etc.). O salto da segunda pra primeira geralmente é devido a uma demanda efetiva do público que se atualiza na demanda do empresariado por lucro. No Brasil, a força dessa demanda nos espaços de consagração varia conforme a posição genética em relação ao centro, não fosse a força insofismável do funk os empresários não o teriam referendado. Mas é verdade que é um truísmo dizer que essa classe se refastela no relativismo do qual são “artífices” a serviço do mercado capitalista - isso por observação participante pra não tirar meu corpo fora desse mundo.


neoMPB neoMPB neoMPB neoMPB neoMPB neoMPB neoMPB neoMPB 

Negro Leo – Tem muita gente emergindo, a verdade é que se não emergir não dá. Se o cara quer se virar só com música hoje no Rio ou em São Paulo, por exemplo, ele tem que tirar pelo menos mil e quinhentos reais mensais com isso, é o mínimo pra se viver nessas cidades, dividindo aluguel, e eu posso te garantir que no mercado emergente é impossível: uma política como o seguro-desemprego pra artista é uma política que se insere nesse contexto emergente, entende? É positivo, mas não muda. O contexto de consagração hoje é mais dinâmico e opera tanto nos grandes veículos de mídia, editais de alto orçamento, etc, como nos editais de médio e baixo orçamento e mídia esporádica. Se um artista, hoje, faz 10 shows por ano com um cachê de vinte mil reais – e ainda tá longe do topo – ele pode pensar em financiar um apartamento, sem uma mídia como a televisão isso é quase inviável. A Gaby Amarantos deve ganhar hoje, num show, 40 vezes mais do que ela ganhava num mês no circuito do tecnobrega no Pará, entende?! 

complicado complicado complicado complicado complicado complicado complicado complicado complicado complicado complicado complicado complicado complicado complicado complicado complicado complicado complicado complicado complicado complicado complicado complicado complicado complicado complicado complicado complicado complicado complicado complicado 

Negro Leo – Eu não me considero um músico experimental, eu sou um compositor de canção popular. O que acontece é que como estou inserido no contexto da musica experimental do Rio, frequento esse nicho e os músicos com quem toco são em boa parte também desse nicho, as pessoas falam que eu sou experimental. Se existe alguma coisa experimental nos meus discos é mérito dos músicos, eu tenho alguma responsabilidade na escolha das pessoas com quem quero trabalhar determinadas canções e sonoridades, porque eu gosto da coisa experimental, me estimula. Essa coisa de bancar uma lira experimental, como eu te disse, deve ser mais difícil mesmo. Eu preciso arrumar um produtor pra vender meus shows e tentar arrancar algum dinheiro, eu não tenho cabeça pra fazer isso, lidar com burocracia é infernal, embora seja extremamente necessário, então eu vejo como uma pequena pulsão de morte essa minha incompetência em produzir grana.


Chinese Cookie Poets Cadu Tenório Duplexx Rabotinik Chinese Cookie Poets Cadu Tenório Duplexx Rabotinik Chinese Cookie Poets Cadu Tenório Duplexx Rabotinik Chinese Cookie Poets Cadu Tenório Duplexx Rabotinik 

Negro Leo – Isso foi uma matéria do Silvio Essinger pro Globo, ele disse que eu era a vertente cancioneira do experimental carioca, algo assim. Eu me sinto afetivamente ligado a essas pessoas que você citou (como experimentalistas), mas não tenho necessidade de estar atualizado nas pesquisas musicais da turma, aprendi muita coisa convivendo com eles, ainda tenho alguma resistência a alguns gêneros de música eletrônica, por exemplo, não ouço noise, drone, em casa, entende?! Gosto de IDM, glitch, aquelas coisas com sampler que faz o Flying Lotus, ouvi o disco “Lar” do Cadu Tenório e achei caralhal de bom, mas não tenho vocação pra ir a todos os eventos da turma. Eu me sinto mais ligado, através da recepção do público, com a “cena pop independente” do que com a experimental, isso ficou evidente na mini-temporada de lançamento do “Tara” na Comuna. O meu púbico não é exatamente o público de música experimental, pode até ter um ou outro aí que goste, mas o forte mesmo é o público do “pop independente” – e meu bolso sensível agradece. 

interesse interesse interesse interesse interesse interesse interesse interesse interesse interesse interesse interesse interesse interesse interesse interesse interesse interesse interesse interesse interesse interesse interesse interesse interesse interesse interesse interesse interesse interesse interesse interesse

Negro Leo – Claro, se puder ajudar os outros artistas desse nicho eu acho ótimo! Agora, os caras dos blogs especializados em música experimental nunca me arrolam nas suas playlists e porquê? Entende? Porque eu não sou exatamente experimental, era o que eu estava te dizendo. Desde sempre teve esse negócio de experimental no Rio, Zumbi do Mato, Tantão, etc. Eu conhecia pouco, fui a um show do Zumbi do Mato com 16 anos no Engenho de Dentro, não sabia nada do que acontecia na Zona Sul e no Centro. Não conhecia o Plano B quando Manso, Bubu, etc, tocaram com o Damo Suzuki em 2006, eu acho. Não acompanhava nada disso. Em 2010 conheci o Renato Godoy do CCP, que além de excelente baterista é também competentíssimo técnico de som, mixador, etc, aliás, toda essa turma é muita experta nessas coisas. Acho que foi por essa época que o Renato, o Felipe Zenícola e o Filipe Giraknob criaram o Quintavant na Audio Rebel. Esse evento agregou todo mundo que fazia música experimental na cidade, até eu fui parar lá. Depois veio a Comuna e consolidou essa cultura em três quarteirões de Botafogo. Eu passei a me referir a esse contexto como “turma de botafogo”, os artistas experimentais, de onde quer que sejam, acabam se encontrando ali e a coisa de turma tira um pouco a ideia de que existe um movimento orquestrado. Não existe nada disso.


tensão tensão tensão tensão tensão tensão tensão tensão tensão tensão tensão tensão tensão tensão tensão tensão 

Negro Leo – Olha, essa tensão existe porque o jornalismo é ligeiro, é a natureza do lance, às vezes o cara não tem tempo de se informar o suficiente pra fazer a matéria, ok. Mas com os pesquisadores não podemos ser clementes. Quando escrevem algo a meu respeito que não procede, eu procuro pedir a retificação e as solicitações têm sido aceitas. Outro dia saiu algo sobre minha música, que era de vanguarda, eu sei lá qual é o sentido que essa palavra pode ter hoje, apenas faço música com as referências de que disponho. A única vez que fiz um trabalho de pesquisa com a expectativa de que o resultado da canção fosse inovador (e ainda não estou seguro de que seja) foi no “The Newspeak”, ali as canções têm um lance rítmico e melódico, inspirado no violão rítmico brasileiro, que eu nunca ouvi. 

maldito maldito maldito maldito maldito maldito maldito maldito maldito maldito maldito maldito maldito maldito maldito maldito maldito maldito maldito maldito maldito maldito maldito maldito maldito maldito maldito maldito maldito maldito maldito maldito maldito maldito maldito maldito maldito maldito maldito maldito maldito maldito maldito maldito maldito maldito maldito maldito 

BD – O Jards é uma influência definitiva, o Itamar também. O Jards quando o conheci, o primeiro contato foi de extrema reverência de minha parte, acho que isso deve ter entediado ele. Depois fomos nos aproximando. Quando eu fui compor as canções do “The Newspeak” ouvi muito o violão dele, de Movimento dos Barcos aos sambas com o Moreira da Silva. Ele é muito genial é o que posso dizer, quando ele se for o legado dele vai com ele, não tem ninguém pra levar isso adiante como ele fez com o João Gilberto, ele pegou aquilo e revirou. O Itamar foi o yang que eu precisava pra compor, veio com ele. Agora, tem uma coisa, lembrei do comentário genial do Bernardo Oliveira dizendo que essas comparações são preconceito, só me comparam com os pretos quando minha música tem influência de Captain Beefheart, Iggy Pop, etc. Essa coisa de maldição é coisa de um jornalismo relapso e maledicente, como disse meu amigo e parceiro Ricardo Pitta, isso só existe no Brasil onde as pessoas têm essa tendência de julgar o fracasso pela relevância midiática, pela consagração televisiva, duvido que isso aconteça no jornalismo de qualquer parte do mundo.

postura postura postura postura postura postura postura postura postura postura postura postura

Negro Leo – Pois é. 

brasileira brasileira brasileira brasileira brasileira brasileira brasileira brasileira brasileira brasileira brasileira brasileira brasileira brasileira brasileira brasileira brasileira

Negro Leo – Ah, acho que a turma da renascença baiana, a bossa nova, a lira paulistana, Raul Seixas, José Ramalho, Alceu Valença, todos os sambas dos anos 20, 30, 40 e 50, a época de ouro. E o Arrigo? Foi uma porrada na cabeça meu irmão... O que mais?! Sei lá, eu gosto de muita coisa.


jazz jazz jazz jazz jazz jazz jazz jazz jazz jazz jazz jazz jazz jazz jazz jazz jazz jazz jazz jazz jazz jazz jazz jazz

Negro Leo – O primeiro disco de jazz que eu ouvi foi o Bitches Brew, depois o Daniel Fernandes domesticou meu ouvido, me ensinou a ouvir bebop e avant-garde, aí por minha conta e risco comecei a ouvir free jazz, Ornette Coleman e cia. Quando comecei a frequentar o Quintavant conheci Peter Brotzmann, John Zorn, etc. Aí depois disso eu comecei a gravar discos. O “The Newspeak” com o Daniel Fernandes, Pedro Dantas e Vitor Barros foi um esforço de interpretação jazzística com a linguagem que a gente consolidou ali. O Vitor e o Daniel soam tão irmanados musicalmente porque é o resultado de ensaios que fizemos  antes da gravação. O Pedro entendeu aquilo e gravou genialmente o baixo. O “Ideal Primitivo” foi o primeiro a ser gravado (meados de 2011), mas só tive coragem de lança-lo, pelo péssimo acabamento, etc, depois do “The Newspeak”. Foi gravado com 11 músicos, os caras do CCP, Gabriel Balleste, Caetano Salles, Pitter Rocha, Maurício Calmon, Thomas Harres, Daniel Fernandes, Felipe Ridofi (que assina a mixagem de todos os meus discos) e Iuri Nicolsky, sem ensaios, com regência minha. Foi um acontecimento na “cena” esse show. Encerrei a trilogia com “Tara”, agora em 2013, com Marcos Campello, Thomas Harres e Pedro Dantas. Tenho um apreço muito grande pelas minhas parcerias com Ricardo Pitta e Marcos Lacerda. Queria ressaltar também o nome do Pedrinhu Junqueira, um compositor genial da minha geração, que ainda tem o Bruno Cosentino, o Digital Ameríndio, Gustavo Galo da Trupe Chá de Boldo, Bruno Schiavo do EuEuEu, Luís Augusto que vem aí com o Doutor Fritz, Ava Rocha, minha tara absoluta e ilimitada, compõe genialmente com uma técnica muito particular que se assemelha a um processo de edição, tem um senso de orquestração e arranjo muito aguçado e uma das vozes femininas mais belas, graves e indômitas de sempre, ela é a expressão mais clara entre nós do conceito de canção expandida do Wisnik e do Nestrowski. E por aí vai... Ah, lembrando que estou gravando um disco com produção do genial  Jonas Sá.

bossa bossa bossa bossa bossa bossa bossa bossa bossa bossa bossa bossa bossa bossa bossa bossa bossa bossa bossa bossa bossa bossa bossa bossa bossa bossa bossa bossa bossa bossa bossa bossa bossa bossa bossa bossa bossa bossa bossa bossa bossa bossa bossa bossa bossa bossa bossa bossa bossa bossa bossa bossa bossa bossa bossa bossa bossa bossa bossa bossa bossa bossa bossa bossa 

Negro Leo – Quando escrevi isso foi em relação à música que o Caetano acabara de lançar intitulada a “A Bossa Nova é Foda”, me parecia e esse verso dá bem a impressão, que ele queria recolocar, com alguma justiça, a bossa nova no epicentro do conjunto de contribuições relevantes da cultura brasileira ao mundo, e é como se a bossa nova tivesse processado um verdadeiro descobrimento do brasil. O verso “o velho transformou o mito das raças tristes em minotauros”, etc, torna essa relevância algo tangível no universo da cultura de massas e, de fato, alguma contribuição brasileira de grande proporção nesse âmbito têm sido os lutadores de MMA. Acontece que na cultura de massas hoje, se ainda se pode trabalhar com essa categoria, pra juventude contemporânea já não existe mais esse centro, inclusive para os próprios músicos dele, eu imagino. O tempo cria essas coisas. Uma coisa a que se chama tradição é sempre um conjunto de valores organizados hierarquicamente na produção de vida (arte, indústria, política, etc) e a juventude contemporânea foi levada ao seu próprio conjunto de referências, tão mais matizado e multifário do que na época desses caras, efeito em parte da internet livre e dos intercâmbios culturais que só têm se intensificado com o alcance dos veículos informacionais, que é quase impossível se falar, sem um certo desprendimento, em tradição. A bossa nova continua sendo foda, mas já não é uma referência central na produção do cancioneiro atual. 


http://negroleo.bandcamp.com/

intervenção gráfica idealizada por márcio bulk, negro leo e daryan dornelles

comente