desafinando o coro dos contentes


fotos: daryan dornelles

 De imediato, uma das qualidades que mais chamam a atenção ao se ouvir Marcia Castro é a sua capacidade de apropriar-se das mais diversas canções e, de forma visceral, transportá-las para o seu universo, recriando-as de tal modo que passam a ser a sua verdade, a sua história. Sua voz, ao mesmo tempo enérgica e confessional, é o fio condutor para uma viagem onde sutis dramas do cotidiano se transformam em crônicas cantadas. Contudo, a intensidade e a força de Marcia não se encontram somente em seu repertório e em suas interpretações. Durante a entrevista para o Banda Desenhada, a cantora baiana, radicada em São Paulo desde 2008, foi categórica ao defender suas opiniões e fez uma análise contundente sobre o atual cenário da música popular brasileira e a crise por que passa a indústria fonográfica. Com muito bom humor e acompanhada de Marcela Bellas e sua banda, Márcia nos recebeu em seu camarim, no Centro Cultural Banco do Brasil (RJ), onde realizou dois shows para o projeto Tabuleiro BA. Em um clima pra lá de acolhedor, a conversa correu solta e a entrevista tornou-se um agradável bate-papo:

BD - Tanto você quanto vários outros artistas, inclusive cariocas, optaram por sair de suas cidades de origem, escolhendo São Paulo como destino. O que a levou a tomar essa decisão?

Marcia Castro - A minha ida à São Paulo não foi predeterminada. Quando estive por lá eu nem sabia que iria ficar de fato. Gravei o disco “Pecadinho [2007] e logo depois fui distribuir o material em algumas produtoras, tanto do Rio de Janeiro quanto de São Paulo. O Ricardo Frugoli, que era de lá, foi um dos produtores que ficou interessado e começou a efetivamente trabalhar comigo. E por isso fui para São Paulo. Foi uma feliz coincidência, porque eu me mudei em 2008 e, dois anos depois, no máximo, ocorreu este fenômeno da música paulistana. É claro que já havia uma movimentação prévia, as coisas já estavam acontecendo, mas de forma um pouco embrionária. Ainda não havia a cena que conhecemos hoje. A cidade realmente se tornou um pólo de convergência e acredito que isso tenha muito a ver com o público. Em São Paulo existe um público de Arte. Não importa o que você apresente. No menor lugar, no mais distante, sempre haverá alguém disposto a lhe ver, a pagar o ingresso e a consumir de fato o seu trabalho, seja ele música, teatro ou artes visuais. É muito gratificante, tanto para o artista já consolidado quanto para o novato. São Paulo é uma cidade de ouvidos abertos, como os de um adolescente afoito por novidades.  Ela recebe e acolhe muito bem o novo. Além disso, tem a questão dos lugares para tocar. O circuito SESC, por exemplo, é muito importante, tanto para os iniciantes quanto para os nomes consagrados. Todo mundo se cruza por lá e, deste diálogo, desta troca de experiências, as pessoas passam a trabalhar coletivamente... E ainda temos as casas noturnas que, em comparação com a realidade que eu vivi lá na Bahia, são muito interessantes: o Studio SP, Casa de Francisca, Tapas Club, Zé Presidente, etc. 

BD - Diferente das outras cantoras de sua geração, você pode ser considerada uma intérprete. Além disso, você se destaca por uma voz que remete às grandes e tradicionais cantoras brasileiras. Como é isso? Ser uma ponte entre o passado da MPB e a atual cena paulistana? 

Marcia Castro - Tenho certa predileção estética em relação ao canto. Gosto de uma expressão vocal forte e de timbres mais graves. Gosto de ouvir quem abre mesmo a boca para cantar... Quem não fica comedido em relação ao canto. É uma predileção estética e acabo de algum modo a reproduzindo.  Acho interessante porque isso remete de fato à uma determinada escola da música brasileira, que é a das cantoras mais tradicionais... Quer dizer, tradicionais hoje, mas que já foram inovadoras no passado. Como Gal [Costa] e [Maria] Bethânia, que eram transgressoras e que atualmente ocupam este lugar de tradição na MPB. De fato eu tenho essa afinidade. Não só por elas, mas por Cida Moreira também. É um conjunto de cantoras com as quais me identifico, que gosto, que escuto em casa. O meu trabalho tem esse contraponto, pois sou dessa escola, não faço a linha cool, mesmo que às vezes também me aventure dentro dessa estética. Ao mesmo tempo, a natureza de um trabalho musical não se define por conta de um elemento isolado. A música que faço é produzida dentro de um conceito de sonoridade contemporânea. Sou do tempo de agora. Não sou saudosista, não fico resmungando: “Mas naquele tempo em que as coisas eram bacanas”...  Não! Cada coisa tem seu lugar, seu tempo, seu entendimento. Eu gosto muito desta liberdade, das novas possibilidades sonoras, de timbragens, tessituras, deste momento da música brasileira. Nós rompemos um pouco com os limites da MPB e começamos a misturá-la com músicas de vários lugares do mundo. As minhas influências não são só o rock e o pop, mas também a música africana, a música jamaicana, o jazz... Isso já está incorporado na linguagem desta nova geração. Acho interessantíssimo. 

Marcela Bellas –É como em qualquer outra profissão. Você tem as suas influências e tem o seu trabalho, o seu processo de criação.  

Marcia Castro - É... O que a gente gosta, tem afinidade, admira. O que a gente ouviu desde criança... Aquilo vai sendo inconscientemente incorporado às nossas criações.


BD – Praticamente todas as cantoras da nova geração da MPB têm Gal Costa como maior referência. Você poderia comentar a respeito?

Márcia Castro - A Gal chegou inserida no movimento tropicalista, dentro do que ainda poderíamos chamar de MPB, mas com a atitude mais rock'n'roll que se possa imaginar! Os tropicalistas tiveram essa natureza transgressora. Gal poderia cantar bossa nova muito bem, além de cantar maravilhosamente aqueles sambas de [Dorival] Caymmi e até mesmo rock, quase incorporando Janis Joplin. Ela era de uma versatilidade absurda enquanto intérprete e de uma enorme precisão rítmica e melódica, além de possuir um timbre precioso. Sua postura, sua atitude em cena, impressionavam. Gal era completa... De fato, ela é uma das minhas maiores referências. Mais até do que Bethânia.

Marcela Bellas – As pessoas costumam dizer que Elis [Regina] é a maior cantora do Brasil, mas quem fez escola foi Gal Costa. Se você olhar para todas as cantoras que vieram depois dela... Marisa Monte, Vanessa da Mata... Todas são Gal! A influência é clara! Eu a vejo em mim totalmente. E não tem uma justificativa para isso. É o gosto mesmo. 

BD – Até porque havia outras cantoras de igual importância no mesmo período...

Marcela Bellas - Exatamente, de tanta projeção quanto...

BD – Bethânia, Nana Caymmi, a própria Elis...

Marcela Bellas - Também havia em Gal certa despretensão... 

Marcia Castro – É! Elis era performática, havia toda uma concepção dramatúrgica e cênica para o espetáculo acontecer. Pelo menos é o que parecia... E Gal, nesse sentido, parecia muito mais espontânea.

BD – Essa idéia fica bem evidente no álbum “Fa-Tal”(1971), quando Gal canta “Fruta gogóia” e ocorre algum acidente e ela, rindo, fala: “acontece...”

Marcia Castro – Isso é demais! [Risos].

Marcela Bellas – Esse álbum tem microfonia do início ao fim. E é o melhor de todos! A única vez em que quis me matar foi ouvindo esse disco! [Risos]. Eu pensei: “Não tenho mais nada para fazer aqui. Me leve! Me deixe ir”! [Gargalhadas]. Até hoje eu penso isso. Mas abstraí, deixei pra lá... 

Marcia Castro – Se conformou, né, Bellas? [Risos].

BD - Você afirmou em uma entrevista que “existe uma crise na composição”. Entretanto, a sua geração é uma das que mais se destaca pelo enorme número de compositores. Poderia explicar melhor essa declaração?

Marcia Castro – A minha matéria de trabalho é a palavra cantada, é o discurso da canção, a letra, a poesia... É o que eu observo antes de tudo... E sinto que apesar de existir este enorme fluxo de compositores, há uma falta de profundidade e intensidade... De uma verdade de vida, sabe? Não quero dizer que não existam bons compositores, tanto é que eu canto músicas de vários deles, mas dizer: “Vivemos o momento mais incrível da composição brasileira”... Eu acho que não. Temos que tomar muito cuidado com o que falamos. Não estamos no momento mais fecundo, pelo menos não para mim. Eu recebo muitas coisas e, na verdade, de 100 canções que eu ouço, só gosto de uma, se muito. Mas também o meu gosto não é uma verdade absoluta. É muito delicado falar sobre isso... São muitas questões... Por exemplo, eu também compunha, mas em determinado momento o meu senso crítico foi muito forte e acabei me travando. Este ano, retomei o exercício da composição... E também o exercício do desapego estético... Deixando de lado qualquer referência e permitindo que saia tudo... O mestre em fazer isso é o Carlinhos Brown. Ele vai jogando as ideias para fora, em um verdadeiro brainstorm. Vai expelindo e, de repente, sai algo incrível. Talvez esse seja o processo. Mas, ao mesmo tempo, vê-se que qualquer coisa é passível de ser música. Perde-se um pouco o filtro. A gente conversa, “pararárárá”, “piso no chão no centro da minha cabeça com a luz que me guia”, você coloca um acorde e isso já virou uma canção. É disso que eu falo, entende? Da falta de intencionalidade, de uma entrega, de uma história dentro da história... 

BD –Por falar em compositores, você irá participar de um projeto do Zé Pedro, juntamente com outras cantoras, recriando músicas de Marina Lima. Para você, qual a importância da Marina para esta nova geração de cantoras? 

Marcia Castro – Marina é uma das precursoras deste atual movimento de cantoras/compositoras. Ela começou no finalzinho dos anos 70... Botou o pau na mesa e começou a compor também. É uma figura muito importante dentro da música pop, um marco. Eu tinha pilhas de seus discos e ficava escutando e reescutando... Marina trouxe o feminismo para um universo predominantemente machista. Na história da música popular brasileira, sempre coube ao homem o exercício de compor. Então Marina chegou para bagunçar um pouco essa lógica... O que achei interessante nesse projeto proposto pelo Zé Pedro, através do selo dele, o “Jóia Moderna”, e com curadoria de Patrícia Palumbo, foi o resgate do repertório lado B de Marina. Coisas que não são muito conhecidas. E tem músicas maravilhosas! Eu vou cantar “Meu doce amor”, que além de ser a sua primeira composição, foi gravada inicialmente por Gal Costa. É um puta desafio!

BD - E os arranjos? 

Marcia Castro – a gente tem liberdade total. Posso fazer o que quiser com a música. Inclusive destruí-la! [Gargalhadas].


BD - Muitos artistas conseguem se manter hoje em dia através das leis de incentivo e de projetos. No seu caso, seu primeiro CD e o clipe de ““Frevo (Pecadinho)” conseguiram ser financiados a partir destas leis. Este é o atual caminho para quem pretende viver de música?

Marcia Castro – Tem algo muito positivo neste momento. Antigamente havia a força das gravadoras, mas o funil era muito estreito, muito poucos artistas alcançavam grande sucesso. Quem não estava inserido nesse sistema não era nada! Hoje você tem uma geração de músicos que talvez nunca experimente aquele êxito de outrora... Entretanto, há neste momento outro patamar onde os artistas independentes se colocam frente ao mercado, o que os possibilita viver de um modo modesto, mas sempre almejando, criando projetos e dando continuidade às suas carreiras. Abriu-se uma nova possibilidade. As coisas não são mais estanques: “Ou você está no maisntream ou você não existe”. Você pode se colocar neste novo patamar, cujo principal objetivo não é tornar-se uma celebridade ou ícone de cultura de massa. Esta geração está em outra busca, com outras expectativas, outros sonhos. Mesmo assim, ainda queremos que o nosso som chegue ao maior número de pessoas, a mais lugares. Trabalhamos coletivamente, desenvolvendo novas ferramentas para divulgarmos o nosso trabalho. E  hoje elas estão ao nosso alcance. Claro que a gente vive em uma luta diária. É difícil ainda viver de música, se manter. A questão financeira ainda é um problema. Mas acredito que não seja pior do que na época das grandes gravadoras. Atualmente existe este espaço, este meio termo. Ficou mais democrático...  Com a recente crise da indústria fonográfica, vivemos no meio de um turbilhão. Ainda vão surgir novas configurações e mecanismos que recriarão os elos entre o artista, o mercado e o público. É interessante... Hoje nós estamos fazendo este projeto [Tabuleiro BA]. Se estivéssemos na década de 1980, ou estávamos ao lado dos grandes nomes da MPB ou não éramos ninguém. Estaríamos tocando em algum barzinho. O momento em que estamos vivendo é muito peculiar. Com as políticas culturais que surgiram a partir da década de 1990, no governo de Fernando Henrique Cardoso, as empresas assumiram um pouco o lugar das gravadoras enquanto patrocinadoras de projetos culturais. Seus parâmetros são outros. Algumas investem em artistas mais comerciais que já possuem uma carreira consolidada, outras investem em um segmento mais alternativo, mais arrojado. Existem críticas também, não é? As empresas privadas têm interesses bem específicos e há uma predisposição por parte delas em priorizar alguns projetos em detrimento de outros. Mas, ao mesmo tempo, você tem o incentivo do Estado, que independe desses parâmetros mercadológicos. Eu acho esta coexistênciamuito saudável. Ela mantém acesa certa esperança dentro de nós. Claro que precisamos ficar sempre repensando a nossa prática, nos atualizando, vendo como melhorar as coisas... O músico acumula hoje muito mais funções, não só artísticas, mas também de produção. A gente acaba gerindo a nossa própria carreira. Praticamente não existe mais aquele modelo antigo em que há a figura do empresário que comanda e você fica lá, inerte, sem saber de nada. É muito raro. Hoje em dia, o que acontece é você ter parceiros que te ajudam a desenhar a sua carreira. Até porque ninguém a conhece melhor do que você mesmo. Ninguém entende melhor o seu público do que você. Esse tête-à-tête, esse contato com os fãs... Ver quem está na internet respondendo suas postagens, quem está comentando seus vídeos... Ler e responder e-mails leva um teeempo... Lidar com essa parafernália de redes sociais... Isso vira trabalho! E eu batalho pela minha carreira como um leão! [Risos]. É muito bom poder gravar um disco, pegar as canções que vão se acumulando em meu repertório, nas minhas anotações, no meu Ipod, e recriá-las em um álbum. A gente faz de tudo para que a música continue acontecendo. O lado ruim é que trabalhamos muito mais... Se você trabalha 10 horas por dia, acaba dedicando umas seis horas para a produção e quatro para a música. Queria ter tempo para poder estudar e ouvir mais coisas, sabe? Acho importante a gente parar e ficar escutando música. Só por escutar, para ter contato com outros sons, com outros ritmos, outras poesias. Isso vai alimentando nosso trabalho também. Mas todo este acúmulo faz parte do nosso tempo e como nós somos a geração de transição, talvez sintamos mais os seus efeitos. Acredito que a próxima geração irá lidar com estas questões com muito mais facilidade. Talvez não tenhamos idéia da importância deste momento porque o estamos vivenciando agora... Mas, se você notar, a atual cena paulistana se propõe a uma importante modificação estética. 

BD – Sim, principalmente por ser multifacetada. Um grupo que reúne artistas tão díspares como o Guizado, você, Kiko Dinucci, Tulipa Ruiz e Karina Bhur! ... Visto superficialmente, não há nada em comum. É muito plural.

Márcia Castro - É muito plural e essa pluralidade acaba sendo uma característica estética! Se você pegar outros momentos da música brasileira... A década de 1980, por exemplo, você tem um registro muito forte e homogêneo. A sonoridade, as propostas, eram muito parecidas. Já a atual geração é plural e verborrágica. Vivemos um momento de brainstorm, onde se coloca muita coisa pra fora, mesmo que de qualquer modo, mesmo que seja qualquer coisa! [Risos]. E invariavelmente, algumas dessas ideias serão absorvidas. Veja o novo trabalho da Vanessa da Mata, “Biclicletas, bolos e outras alegrais” [2010]... O disco foi produzido pelo Kassin e tem uma sonoridade que se aproxima mais dessa turma de São Paulo. O próprio Kassin, mesmo sendo do Rio, transita e é influenciado pelo universo de lá. E aí vai acontecendo toda essa reformulação. Talvez a gente não tenha a dimensão da importância deste movimento dos quais somos atuantes. Eu tenho curiosidade, quero estar viva para entender e ver no que deu. Até porque, depois dos anos 80, eu acho os 90 de uma pobreeeeza absurda na música brasileira!

BD – Mas teve o Manguebeat, a Maria Monte, a Adriana Calcanhotto, Cássia Eller...

Marcia castro – Mas estou falando dessa reformulação da música, entendeu? Os anos 90 foram os anos do Axé Music e Sertanejo...

BD - Ah, no mainstream sim, mas fora dele teve Zeca Baleiro, Paulinho Moska, Chico César, Rita Ribeiro, Lenine, Lucas Santtana... É tão pobre assim? 

Marcia Castro – É realmente, você citou artistas interessantíssimos... O Lucas Santtana, por exemplo, surgiu lá, mas como força atuante de uma renovação estética, eu o acho muito mais representativo agora, dentro deste momento.

BD – Sim, mesmo todos sendo de uma geração anterior, parece que estão muito mais encaixados agora do que antes...

Marcia Castro – Está entendendo o que eu quero dizer? Talvez eu afirme isso porque tenho agora a sensação de movimento. O que não ocorreu na década de 1990. Era muito pontual. Afora o Manguebeat, havia alguns artistas que realmente faziam ótimos trabalhos, como Marisa [Monte], Cássia [Eller], que para mim foi a melhor coisa dos últimos tempos da música brasileira.

BD - Ultimamente, algo vem me irritando... Seu álbum e de outros músicos já estão fora de catálogo.

Marcia Castro – Pois é. Eu estou fazendo este show e me perguntaram: “Tem CD”? Respondi: “Não, acabou”. Tenho poucos discos que estou guardando para mim, para o meu acervo. É difícil você não ter o álbum, mas ao mesmo tempo, tenho a minha master. Se quiser, posso tentar correr atrás de algum patrocínio e fazer uma nova prensagem. Não é o fim do mundo. Hoje é muito mais fácil você ser o dono do seu trabalho, da sua master. Pelo menos para mim não é um drama não. Até porque a nossa geração já se acostumou à existência da internet, da oportunidade da música se perpetuar através dos downloads  gratuitos. Para nós do mercado independente isso virou uma rotina. O que queremos é que o nosso trabalho não morra. Que ele tenha repercussão, tenha longevidade. Acho que a internet cumpre essa função. Mesmo que não seja através de um álbum físico que, de fato, eu adoro. Quando faço um disco, gosto de cuidar da arte, do encarte... Por sinal, estou agora neste processo do meu segundo disco. Discutindo os mínimos detalhes, a fonte, as fotos que vão ser usadas... Tenho este cuidado. É algo que se estende à criação musical. Com certeza, alguém vai perceber e, para mim, isso é o suficiente.

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