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fotos: daryan dornelles |
Lucas Santtana (43), Mallu Magalhães (23), Romulo Fróes (42), Tim Bernardes (22), Karina Buhr (39), Karol Conka (26), Criolo (38)... Eis uma geração, no mínimo, atípica. Não bastasse a flexibilidade em torno da idade dos artistas que a integram, ela também se destaca por ser a primeira a se desenvolver fora das grandes gravadoras e mídias tradicionais. Sua origem também é bastante difusa, tanto pela diversidade de cenas (que descentralizou a produção do eixo Rio-São Paulo), quanto por, esteticamente, dar continuidade a uma linguagem que já vinha sendo trabalhada por artistas e bandas da década de 90 como, por exemplo, Chico Science & Nação Zumbi, Adriana Calcanhotto, Paulinho Moska, Acabou La Tequila e Planet Hemp. Tornando o seu mapeamento ainda mais difícil, boa parte desta nova geração só ganhou certa visibilidade no início desta década, ao suprir o vácuo deixado pela forte retração do mercado fonográfico.
Entretanto, mesmo que haja dificuldades em encontrar a origem desta geração, é certo que, no final dos anos 90 e no início dos 2000, alguns músicos começaram a fomentar um cenário que, mais tarde, possibilitou o aparecimento de inúmeros jovens artistas. Lucas Santtana, Wado, Fernando Catatau, Otto, Kassin e Domenico Lancellotti, entre outros, não só foram responsáveis por esta configuração como também se tornaram referência para a atual produção musical independente brasileira.
Nascido em Salvador e radicado no Rio de Janeiro desde 1993, o cantor e multiinstrumentista Lucas Santtana chegou a colaborar, em início de carreira, com Chico Science & Nação Zumbi, Caetano Veloso, Gilberto Gil e Marisa Monte. Em 2000, lançou seu primeiro disco, “Eletro Ben Dodô” (Natasha Records). Três anos depois, inspirado na obra do geógrafo e sociólogo Milton Santos, lançou “Parada de Lucas” (Diginois Records). Em seu álbum seguinte, “3 Sessions in a Greenhouse” (Diginois Records, 2006), Lucas foi acompanhado pela banda Seleção Natural e contou com a colaboração especial de Tom Zé. Nesta época, criou o blog
Diginois, onde passou a escrever sobre os mais diversos assuntos: música, literatura, cinema, esportes, comportamento, etc. Em 2009, lançou seu quarto disco, “Sem Nostalgia” (Diginois Records/Yb), contando com a participação de Curumin e Do Amor. O álbum também foi lançado na Europa, em 2011, pela gravadora Mais Um Discos. “Sem Nostalgia” foi eleito melhor disco estrangeiro de 2011 pelo jornal francês Libération e o sexto melhor disco do ano pela revista francesa Les Inrockuptibles. No Brasil, foi incluído na lista de 10 melhores do ano da revista Rolling Stone e dos jornais Folha de S.Paulo, O Estado de S. Paulo e O Globo. Três anos depois, o disco ainda rendeu uma nova versão, “Remix Nostalgia”, onde nomes como Tosca, Deerhoof, Burnt Friedman, JD Twitch, M. Takara e Rodrigo Brandão reconstruíram faixas do álbum. Em 2012, Lucas também lançou “O Deus que Devasta mas Também Cura” (Diginois Records), contando com a participação de CéU, Letieres Leite, Curumin, Gui e Rica Amabis, Guizado, Kassin, entre outros. Ainda nesse ano, gravou “Amor, Meu Grande Amor” (Ângela Rô Rô/Ana Terra), para o CD “Coitadinha Bem Feito – As canções de Ângela Rô Rô” (Jóia Moderna) .
Um dos nomes mais importantes de sua geração, Lucas foi convidado para uma entrevista pelo
Banda Desenhada. Em meio a uma série de shows e envolvido na produção de seu próximo disco, o músico nos encontrou em um bar do Baixo Gávea (RJ), onde conversou a respeito de sua carreira, influências, tropicalismo e mercado fonográfico, entre outros assuntos.